quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Quarto Ano e a peregrinação do protocolo do TCC

Multidão lota o corredor do 2º andar na fila para se protocolar
Há algumas semanas atrás, os alunos do quarto ano da nossa Faculdade foram avisados que precisariam, tão logo, conseguir orientador para sua monografia da Tese de Conclusão de Curso; muito embora o projeto só precise estar pronto em Setembro e a própria monografia daqui a um ano, a Faculdade optou por essa determinação - e até aí tudo bem, isso poderia ajudar a organizar a nossa vida, desde que fossemos avisados no começo do ano

Mas as coisas ficam piores: os professores só poderiam pegar cinco orientandos, mesmo que pudessem assinar mais de um protocolo - e na hipótese de excederem o número de orientandos, a escolha dos cinco prevaleceria por ordem de chegada no protocolo (que começo hoje, dia 01/06, pela manhã). 

Caso nós não conseguíssemos nos protocolar com uma das duas opções de protocolo escolhidas, teríamos nosso orientador escolhido pelo departamento, ficando, literalmente, sujeitos à roda da fortuna. Nem preciso dizer que a fila do protocolo hoje cedo estava gigantesca, o que fez boa parte dos alunos perderem suas aulas.

Isso não se limita a um mero problema gerencial - apesar de também ser um e dos graves -, mas o retrato de uma Faculdade onde não apenas o ensino passa por uma grave crise, mas a estrutura de pesquisa está simplesmente largada ao descaso; tivéssemos a devida estrutura na área, o processo de escolha do orientador nasceria naturalmente: pode parecer óbvio, mas  assim a seleção já se daria em cima de pré-projetos apresentados e, uma vez aprovados, a garantia da formalização do orientador já deveria estar assegurada.

Faculdades de porte, ainda mais nos tempos atuais, precisam ter grupos de pesquisa em funcionamento para que os estudantes produzam permanentemente e, algo tão importante quanto o TCC precisa ter um processo de formalização simplificado para que aquilo que realmente importa, a produção de conhecimento, esteja garantida. Mas não temos isso, como também não temos, por exemplo, uma revista acadêmica onde os alunos possam publicar artigos científicos entre outras coisas.

Isso, é evidente, não acontece por um mero acaso ou por mera má vontade: trata-se de um dos reflexos da chamada "maximização" - na verdade, uma maxi-exploração da mão-de-obra - dos professores, da qual resulta um achatamento salarial que afasta bons profissionais da PUC ou simplesmente os sobrecarrega - como este grupo tem denunciado reiteradamente. Isso impossibilita que os docentes possam se dedicar a atividades de orientação e criação de grupos de pesquisa - limitando-se à sala de aula, se muito.

A Academia deve se prestar a formar cidadãos, o que não exclui a formação de profissionais, mas se opõe a formação meramente profissionalizante dos estudantes; para escapar disso, é preciso produzir conhecimento por meio de um sistema eficiente de pesquisa. De tal forma, o TCC, enquanto a trabalho teórico no qual o estudante traz à luz o acúmulo de conhecimento de todo o seu curso, não pode ser banalizado da forma como está sendo na PUC - mas para isso precisamos ter em mente que o problema não está descolado de toda a realidade que a nossa Gloriosa vive.

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